quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Um canto secreto

Uma constelação mal disfarçada
Sobre a face esquerda;
Um sorriso de febre. E o tempo...
E dizer que nem havia percebido
quando a noite – infinitamente noite,
de súbito bloqueada em seu poder de fel
submetia-se a um sol repentino,
que
avançada madrugada propunha eternidades!!!

Deverei sucumbir sobre garras róseas?
E mais tarde perder-me
Em longas cartas a meus avós longínquos?

Em 1902 – se tanto !– a vida cabia em lençóis minúsculos
E pequenas xícaras de chá.

Hoje apenas percebo em mim
Certas constelações insuspeitadas,
Numa memória retilínea
E razões abstratas, de onde subtraio
Um horóscopo particular.

No entanto
Eu devia ter te avisado
Que ao beijo morno da donzela
Lobos perigosos pulam
De minha gravata tímida
E colarinhos angulosos
Convertendo tíquetes sentimentais
Em sabres afiadíssimos, que
Aos poucos
Vão extraindo do meu pouco coração
Perigosas noites de angústia e medo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário